Jornalista e cientista político que sou, seria leviano de minha parte analisar uma pesquisa que descumpriu todos os quesitos científicos e jurídicos necessários.
Sob o ponto de vista jurídico o não registro da pesquisa no TRE-PR impõe a ciência a escuridão acerca de qualquer estudo mais aprofundado, vez que não há o numero mínimo de entrevistados necessários, não há divulgação das pessoas entrevistadas seja por região da cidade, idade, classe social e escolaridade por exemplo.
Qual sua análise do universo de 812 eleitores pesquisados? É suficiente?
Em um universo de 812 ¨eleitores ¨entrevistados, quando o número minimo para analise política científica é de 2 mil entrevistados na Capital do Paraná, 73% não decidiram seu voto espontaneamente o que deixa ainda mais frágil tal pesquisa.
Conta simples: A pesquisa analisou a opinião de apenas e tão somente 219 pessoas com opinião definida sabe se lá de onde e quem são.
Pela conta dá um micro universo de apenas 219 pessoas com candidato já definido? É isto?
Isto mesmo. Como já disse a pesquisa analisou A pesquisa analisou a opinião de apenas e tão somente 219 pessoas com opinião definida sabe se lá de onde e quem são.
Ainda assim tentarei analisar esse micro universo desconhecido de entrevistados e repito sem qualificação por parte do IBOPE ou de quem encomendou a referida pesquisa.
Como o senhor vê as tendências de voto anunciadas pela rádio, após a pesquisa?
Vemos Gustavo Fruet e Luciano Ducci polarizando na ponta da disputa e em terceiro Rafael Greca.
Basta dizer que dependendo da classe social, região e faixa etária dos entrevistados essa tendência poderia ser invertida.
Avalia que a pesquisa obedeceu interesses governistas (dos demo-tucanos e seus simpatizantes)?
Para alunos de Ciências Políticas diria que se feita em ambiente favorável ao atual Prefeito e ao candidato do Partido do Governador é possível dizer que a pesquisa foi vulgarizada e obedeceu tendências de interesses governistas, já se os entrevistados fossem ouvidos na Região Metropolitana ou na periferia da Capital essa tendência deveria se inverter, nesse sentido o IBOPE sabe do que estou falando.
Qual o custo de uma pesquisa?
O custo das pesquisas varia de acordo com o número, qualificação e mapeamento de entrevistados exigido pelo cliente.
E como analisa o fator rejeição?
Quanto a rejeição de candidatos a formula se repete mas ainda assim no seio do Jornalismo podemos tentar interpretá-la.
Para a população a Persona Pública do ex Prefeito e atual Governador Richa confunde os entrevistados em seu subconsciente, seja em sua gestão Municipal seja nos poucos dias de Administração Estadual Ducci e Fruet dividem o seu apadrinhamento.
Como no caso a pesquisa não foi espontânea fica uma pergunta no ar, em que ambiente flutua Gustavo Fruet?
Ducci surge com rejeição pouco significativa posto que a população ainda não entende quais os bônus e ônus possam ser dados ao atual Prefeito que sequer é conhecido de forma sólida pela população.
Gustavo Fruet soube de forma magistral antecipar a disputa eleitoral flutuando com evasivas possibilidades de ser o candidato de Oposição ou da Situação. Ambos se aproveitam da sensação de vitória eleitoral de Beto Richa e não há tempo de em poucos dias saber a avaliação do popularidade do Governador.
O fato rejeição atrapalha? É definitivo ou pode mudar?
Na vala comum, no que diz respeito ao fator rejeição, aparece Rafael Greca que agregado pelo IBOPE ao Senador Roberto Requião que historicamente se elegeu sempre com grande rejeição, não por acaso absorve esse pseudo legado de rejeição basta analisar de que forma foi exposto o Senador no último mês.
Sem entrar no mérito da rejeição do Senador outra pergunta não quer calar, porque na pesquisa acerca de rejeição associar candidatos a patronos? Serão esses indicados pelo IBOPE de fato patronos de seus candidatos? O quadro atual nos faz refletir Ducci é candidato de Beto isso é fato, mas existe um esforço fenomenal por parte dos Tucanos de fazer Gustavo Fruet candidato da legenda.
Então Fruet e Ducci são 2 candidatos do mesmo lado? Ou seja 2 candidatos do Beto Richa apostando num jogo de “cara e coroa”onde a mesma moeda tem só duas caras?
Se pensam que por essa pesquisa Gustavo Fruet passa a dar as cartas trata se de ledo engano, o Governador é o dono da mesa e embaralhará as cartas da forma mais conveniente a seus interesses, isso ficou claro nas entrelinhas da pesquisa. Agora Beto Richa tem o argumento que precisava para estimular Ducci a caminhar por ele amparado mas com as próprias pernas e faz Gustavo Fruet candidato de seu PSDB.
Professor Sucupira, depois desta sua avaliação, qual a análise final da pesquisa Ibope-CBN p/prefeito de Curitiba 2012 neste mês de maio 2011, 17 meses antes da votação?
Resumindo: a tal pesquisa coloca no colo do Governador uma situação confortabilíssima, terá ele dois candidatos – ambos com a mesma cara e DNA – e a Oposição que caminho trilhará a partir dessa constatação? Repetirá o passado e se apresentará dividida?
Ou vai optar em negar a obviedade que a Situação em Curitiba já colocou e lançar uma frente capaz de apresentar um projeto alternativo e construído em bases sólidas com apoio da sociedade e seus representantes para Curitiba?
As armas e a forma de disputa a base da Situação já lançou e como dizia Noel Rosa (compositor popular) ¨Com que roupa eu vou? ¨ senhores da Oposição?
O rei ainda não esta nú.
* O autor, José Carlos Sucupira, é Cientista Político, formado pela Universidade de Coimbra e Jornalista formado pela UFRJ, vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo em 1988 pela reportagem “O Caso Riocentro” – que provocou o desarquivamento do inquérito policial militar –IPM – sobre as bombas que, ali lançadas pela repressão de grupo para-militares ligados ao Doi-Codi, tentaram impedir a anistia e a redemocratização do Brasil, em 30 de abril de 1981. Esta análise também está sendo publicada nos sites Página 64, Brasília Confidencial, Direto da Redação, no margaritasemcensura.com
Fonte: http://www.rafaelgreca.org.br/blog2/?p=1931
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